Colisão de buracos negros vai causar (ou já causou) o apocalipse

Aparentemente, o apocalipse ainda vai acontecer -- ao menos em uma galáxia a 3,5 bilhões de anos-luz daqui.
No final do ano passado, uma equipe de astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) informou que dois buracos negros supermaciços pareciam estar em uma espiral conjunta no sentido de uma colisão cataclísmica que poderia significar o fim daquela galáxia.

Impressão artística mostra o entorno de um buraco negro supermaciço 

A prova era um cintilar rítmico do núcleo galáctico, um quasar conhecido como PG 1302-102, que Matthew Graham e colegas interpretaram como uma dança de acasalamento fatal da dupla de buracos negros com uma massa total superior a um bilhão de sóis. Os astrônomos calcularam que a fusão poderia liberar uma energia igual à explosão de cem milhões de supernovas, principalmente na forma de reverberações violentas no espaço-tempo conhecidas como ondas gravitacionais, explodindo estrelas dessa galáxia desafortunada.
Agora, uma nova análise do sistema feita por Daniel D'Orazio e colegas da Universidade Columbia acrescentou peso àquela conclusão. D'Orazio, estudante de pós-graduação, e os colegas Zoltan Haiman e David Schiminovich, propuseram que a maior parte da luz do quasar seja proveniente de um enorme disco de gás cercando o menor dos dois buracos negros.
À medida que os buracos negros e seus discos giram um em torno do outro em altas velocidades, a luz do disco que chega até nós recebe um estímulo dos efeitos relativistas -- o impulso Doppler -- da mesma forma que uma sirene se apresenta mais alta e aguda conforme se aproxima, originando um aumento periódico no brilho a cada cinco anos.
O modelo dos astrônomos de Columbia prevê que a variação seria de duas ou três vezes maior em luz ultravioleta do que na luz visível. E é exatamente isso que descobriram ao comparar dados de arquivo do Telescópio Espacial Hubble e do telescópio espacial Galex, da Nasa, a agência espacial norte-americana, com os dados de luz visível anteriormente analisado pelo grupo de Graham.
"O importante é que o impulso Doppler é inevitável", disse Haiman por e-mail. Dadas as hipóteses razoáveis sobre a massa dos dois buracos negros, o modelo prevê os dados ultravioletas corretos. "É raro em astronomia 'bagunçada' ter um efeito de limpeza incontestável, que explique os dados", ele escreveu. Observações posteriores das emissões ultravioleta e da luz visível nos próximos anos poderão auxiliar a definir precisamente o caso, afirmaram os autores. A pesquisa foi publicada na semana passada no periódico Nature.
O modelo sugere que os buracos negros estejam orbitando um ao outro a uma distância de 320 bilhões de quilômetros, menos de um décimo de ano-luz, quase nada em termos cósmicos. Nessa distância, os buracos negros perderiam rapidamente a energia emitindo ondas gravitacionais e entrariam em uma espiral até a explosão final em cem mil anos, disse Haiman, dependendo de suas massas relativas.
"Basicamente, quanto mais maciço os buracos, mais velozmente as ondas gravitacionais os impulsionam, e nós exigimos que sejam tão maciços quanto puderem ser", ele disse por e-mail. Para o modelo se sustentar, o maior dos buracos negros precisa ter uma massa de um bilhão de sóis ou mais.
Como a galáxia é tão distante, o cataclismo pode muito bem já ter acontecido há mais de três bilhões de anos, mas a notícia ainda levará outros cem mil anos para chegar até nós. Então, ainda está no futuro, no que diz respeito aos terráqueos -- seja quem forem naquele momento.
E. Sterl Phinney, astrônomo do Caltech e especialista em buracos negros supermaciços, concordou que o modelo de Haiman explicaria as variações do quasar. "A navalha de Occam torna tudo atraente", ele escreveu no e-mail, referindo-se ao princípio consagrado segundo o qual os físicos deveriam adotar a teoria mais simples que combine com os fatos. Todavia, Phinney considerou surpreendente achar dois buracos negros supermaciços que se aproximaram tanto.
Previstos na teoria geral da relatividade de Albert Einstein, os buracos negros são objetos tão densos que nem a luz pode escapar deles. Toda galáxia digna do nome parece ter um buraco negro supermaciço, pesando milhões ou bilhões de vezes a mais que o Sol, arrotando centelhas de estrelas e gás quase devorados.
Quando as galáxias se fundem, os buracos negros residentes são obrigados a casamentos forçados, um orbitando o outro. Entretanto sem interações gravitacionais com estrelas ou gás interestelar, os buracos negros supermaciços não conseguem se aproximar o suficiente um do outro para mergulhar em uma espiral mortal rápida, situação conhecida como o problema do "parsec final"; o parsec é uma unidade de distância astronômica de 3,26 anos-luz.
Assim, como explicou Phinney, a menos que centenas de milhões de massas solares de gás acompanhem os buracos negros, "não existem formas muito convincentes de levá-los a separações menores", como os buracos em PG 1302-102.
Pelo menos essa é a teoria. Se tais sistemas são comuns, as ondas gravitacionais emanadas por eles deveriam varrer o universo e atrapalhar o ritmo de sinais dos pulsares, efeito que poderia ser detectado nos próximos anos por vários programas contínuos para cronometrar pulsares.
"A teoria científica tem a mesma qualidade dos testes pelos quais passou", escreveu D'Orazio em e-mail. Embora a relatividade geral tenha passado em todas as observações e testes experimentais aos quais foi submetida até agora, algumas de suas previsões somente podem ser testadas nos ambientais gravitacionais mais extremos, isto é, nos buracos negros. "A detecção de ondas gravitacionais é uma prova direta desta região e, portanto, dos segredos da gravidade."

Por que é comum observarmos Vênus ao lado da Lua?

Vênus é o planeta que possui a órbita mais próxima à da Terra. Nem sempre ele está ao lado da Lua, mas esses dois corpos podem ser vistos juntos com alguma frequência por quem costuma observar o céu.

Lua esconde o planeta Vênus no céu de Porto Alegre 

Como Vênus está mais perto do Sol que a gente, o período que ele leva para dar uma volta ao redor da estrela é menor que o nosso: "Um ano de Vênus dura apenas 225 dias, então, seu movimento no céu, quando observado da Terra, repete-se mais rapidamente que o dos outros planetas", explica o astrônomo Othon Winter, do grupo de dinâmica orbital e planetologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Guaratinguetá.
"O Sol, a Lua e os planetas do Sistema Solar sempre aparecem no céu terrestre numa faixa específica chamada eclíptica, onde se encontram as 12 constelações do zodíaco e mais a constelação do Ofiúco (que deveria ser o 13° signo)", detalha o professor de física Dulcidio Braz Jr, autor do blog Física na Veia!. Ou seja: nunca é possível observar um planeta fora dessa faixa, como, por exemplo, perto do Cruzeiro do Sul, uma constelação típica do Hemisfério Sul.
"Vez ou outra esses astros podem estar em conjunção, ou seja, quase alinhados com a Terra. Vistos por nós (especialmente a olho nu, situação em que não temos como estimar as distâncias reais dos mesmos), eles parecem estar próximos no céu", complementa. Um exemplo recente, registrado em junho, foi o "encontro" entre Vênus e Júpiter.
O físico também conta que a órbita interna de Vênus é semelhante à da Terra, o que faz nosso vizinho apresentar fases: "Vênus pode nos mostrar a sua face totalmente iluminada (como uma Lua Cheia) ou em fases de iluminação parcial, como a Lua Crescente ou Minguante". O fenômeno inclusive foi descrito por Galileu Galilei em 1609.

Estrela Dalva

Vale lembrar que Vênus, o segundo planeta do Sistema Solar, está sempre visualmente perto do Sol, assim como Mercúrio, o primeiro e mais próximo da nossa estrela-mãe. Por isso, Vênus e Mercúrio sempre serão vistos assim que o Sol se põe ou antes que ele nasce: "Quando o Sol está acima do horizonte do observador, seu brilho intenso ofusca a nossa visão de Mercúrio e Vênus", justifica o professor.
A característica descrita acima é o que faz Vênus ser conhecido popularmente como Estrela Dalva (do alvorecer). Mas por que "estrela"? Bem, é que todos os planetas do Sistema Solar, a olho nu, têm aparência de um ponto brilhante - por não ter luz própria, eles refletem a luz solar, conforme explicam Braz Jr e Winter.
Só quem observa o céu há bastante tempo e tem familiaridade com os astros sabe distinguir um planeta de uma estrela. "Se observarmos o céu por um período maior, por vários dias seguidos e preferencialmente por meses, notaremos que os pontinhos que são planetas viajam sobre o fundo fixo de estrelas", descreve o autor do Física na Veia!, lembrando que não conseguimos perceber o movimento das estrelas daqui da Terra porque elas estão muito distantes. Quem conhece bem os planetas sabe, por exemplo, que Marte é um pontinho bem alaranjado.
O blogueiro ainda comenta que, dentro da eclíptica, os planetas podem passear sobre as estrelas em movimentos que são verdadeiras laçadas aparentes no céu. Astrônomos antigos já observavam esse fenômeno - o termo "planeta", aliás, significa "astro errante", justamente por causa desse movimento diferente desses astros sobre o fundo fixo de estrelas.
Só ao observar os planetas com uma luneta ou um telescópio é que podemos identificar um pequeno círculo ao invés de um ponto com aspecto de estrela. "A única estrela que vemos como uma esfera é o nosso Sol porque está bem perto de nós (cerca de 150 milhões de quilômetros, o que astronomicamente é logo ali)", relata Dulcidio. Já Alfa Centauro, a estrela mais próxima da Terra depois do Sol, a 4,2 anos-luz daqui, será vista sempre como um ponto luminoso, independente da observação ser a olho nu ou com instrumentos de pequeno, médio ou grande porte.

Outros planetas

A olho nu, podemos ver cinco planetas do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus (sempre ao entardecer ou amanhecer), Marte, Júpiter e Saturno (em qualquer horário durante o período sem a luz do Sol, dependendo da data). "Vemos exatamente os planetas mais perto do Sol e, portanto, mais próximos da Terra", diz o físico.
Com telescópios, mesmo de pequeno porte, podemos ver todos os planetas do Sistema Solar. Mas Urano e Netuno, apesar de gigantes gasosos, são de difícil observação porque estão muito mais distantes que os demais planetas.
"Plutão, que nem é mais classificado como planeta, é muito distante e minúsculo. Só pode ser visto com telescópios poderosos e, mesmo assim, será uma minúscula esfera sem graça", completa o professor. Não é à toa que a missão New Horizons, da Nasa (agência espacial norte-americana) gerou tanta expectativa entre os astrônomos.

Quer ver?

Quando Vênus está mais perto da Terra, ocasião em que apresenta fases parecidas com a Lua Crescente ou Minguante, o planeta fica sempre muito brilhante e pode ser visto até mesmo com o céu ainda escurecendo ou clareando, de acordo com Dulcidio. "Basta procurar um pouco acima do horizonte oeste, onde o Sol acabou de se esconder (se for no entardecer), ou pouco acima do horizonte leste, onde o Sol vai nascer em breve (se for ao amanhecer)", ensina.
Para aprender a olhar o céu e reconhecer os astros, distinguindo planetas de estrelas, é possível contar com a ajuda de vários aplicativos para smartphones,  tablets e computadores. "Você tem que simular o céu na telinha e, com paciência, comparar o céu simulado com o céu verdadeiro, até ir adquirindo prática e familiaridade com o firmamento", avisa Dulcidio. É preciso ter persistência, como um astrônomo de verdade. Mas ele garante que vale a pena.
O professor e blogueiro diz que usa bastante o Stellarium, planetário para desktop, open source e freeware, que roda várias plataformas, incluindo Windows e Mac. "Tem excelente qualidade gráfica e, embora não seja profissional, tem aceitável precisão nas simulações e ajuda bastante a entender o céu e o movimento aparente dos astros. Dá para rodar o software acelerando o tempo para entender em poucos minutos o que acontece no céu em dias e até anos. Também dá para ir para frente e para trás no tempo."
Braz Jr só faz uma advertência para quem vai começar a se aventurar na observação do céu: "Cuidado com o Sol!" Mesmo a olho nu é preciso utilizar um filtro específico. Tentar a proeza com instrumentos ópticos leva é cegueira na certa.

Armageddon: NASA vai impactar um asteroide para evitar o apocalipse

Começará com um teste: usar uma nave para dar uma pancada num asteróide, numa ação em parceria com a Agência espacial europeia.






asteroide

A questão não é "se". É quando um asteroide vai bater de novo no planeta e causar uma extinção em massa ? muito provavelmente a de um mamífero desengonçado da ordem dos primatas, o Homo sapiens. Os astrônomos estimam que existam pelo menos 1,1 mil desses bólidos com 1 km de diâmetro ou mais passando rotineiramente pelas redondezas da Terra - todos com o potencial de causar uma catástrofe planetária. A qualquer momento. 
Exato. Se um asteroide parrudo estivesse vindo agora mesmo em nossa direção (como diziam alguns boatos furados na internet em setembro), estaríamos de mãos tão atadas quanto um dinossauro: desviar asteroides no braço é algo frequente no cinema, mas nunca nem remotamente testado na vida real. Mas essa história pode mudar logo. Cientistas da NASA e e da ESA, a agência espacial europeia, anunciaram nesta quinta que estão montando uma sociedade para defender o planeta desses bólidos. Eles finalmente vão tentar mover um asteroide. Uma "minilua", na verdade.

A missão de nome AIDA (Avaliação de Impacto e Desvio de Asteroide) vai ser dividida em duas partes. Primeiro, a ESA vai lançar uma nave (a Aim) em 2020, que, em dois anos pretende alcançar o asteroide Didymos e seu satélite, a minilua apelidada de "Didymoon". Chegando lá, a nave vai coletar informações sobre o sistema binário. Além disso, vai lançar um pequeno satélite, o MASCOT-2, que vai receber e transmitir sinais de rádio através da Didymoon, para investigar a estrutura interna do satélite mirim.
Depois, é a vez de a NASA entrar em ação: em 2022, a agência norte-americana vai lançar a nave (a Dart) que vai colidir com Didymoon, sob vigilância da Aim. Assim que o "dardo" (Dart) avertar o "alvo" (Aim), esperam alterar a órbita da pedra.
"Para proteger a Terra de possíveis impactos perigosos, nós precisamos entender muito melhor os asteroides ?do que eles são feitos, sua estrutura, origens e como eles respondem a colisões. A AIDA vai ser a primeira missão a estudar um sistema binário de asteroides, assim como o primeiro a testar se podemos desviar um asteroide através do impacto com uma nave espacial", disse o líder da parte europeia do projeto, Patrick Michel, nesta entrevista aqui.  
Você pode ver aqui um vídeo oficial em inglês, em que a ESA mostra exatamente como o imapcto vai ocorrer.
(Links  disponíveis apenas para acesso direto a nossa web page EuAstrônomo)

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