Basicamente este texto será dedicado para aqueles iniciantes que desejam saber quais são os principais tipos de telescópios e quais são as vantagens e desvantagens de cada um.
Refratores
Os
refratores basicamente são instrumentos ópticos compostos de lentes, e as vezes são chamados de
lunetas. A luneta de
Galileu
era um típico refrator. Atualmente os
refratores são mais sofisticados, sendo
constituídos de uma objetiva, parte da frente da
luneta, onde emprega-se lentes acromáticas, ou
apocromáticas montada em um tubo.
Usualmente a objetiva é formada por dois elementos de
lentes de diferentes tipos de vidro, ou cristal, que
podem ser espaçadas entre si em alguns milímetros.
No fim do tubo nós empregamos as oculares, que podem
ser fixas ou intercambiáveis, e que se ajustam em
tubos deslizantes ou cremalheiras a fim de se obter o
melhor foco.
A Luneta utilizada por Galileu era um instrumento de pequenas dimensões e era constituído por uma
objetiva cromática
(objetiva formada por uma única lente
convergente). Os telescópios refratores só começaram
a atingir as dimensões atuais com a invenção da
objetiva acromática. Esse tipo de objetiva foi proposta em
1733 por
Chester More Hall, e a primeira objetiva desse tipo foi feita por John Dollond em 1759.
A objetiva acromática é composta por duas lentes, a
primeira é uma lente bi-convexa e a segunda uma lente
plano-côncava. Essas duas lentes são confeccionadas
utilizando-se dois diferentes tipos de vidro. A
primeira lente é confeccionada com um vidro
menos denso, sendo que a segunda lente é feita
com um vidro de maior densidade. Devido a
maior densidade da segunda lente, as
diferentes cores sofrem um desvio
interceptando o eixo óptico no mesmo ponto,
corrigindo a aberração cromática.
Refletores
Os refletores basicamente são instrumentos ópticos
compostos de espelhos, e as vezes são chamados de
telescópios.
Atualmente tanto os refratores como os
refletores são ditos como sendo telescópios.
O refletor usa como objetiva um espelho de
forma côncava, este espelho na realidade é
um vidro devidamente polido com uma camada
refletora, que em geral pode ser a prata ou o
mais empregado, o alumínio, daí o termo aluminização.
No ano de
1672, o físico inglês
Isaac Newton inventou um novo tipo de telescópio, que mais tarde ficou conhecido como
telescópio Newtoniano.
Como os refratores apresentavam o grave
problema da aberração cromática, Newton
sugeriu a utilização de um espelho côncavo no
lugar de uma lente objetiva. Os raios luminosos
refletidos pela superfície do espelho não são
decompostos, pois não passam por um meio mais denso
como de uma lente, eliminando assim aberração cromática.
Este telescópio possui um espelho primário
que é o espelho côncavo e um secundário que é
um pequeno espelho plano localizado dentro
do tubo disposto em 45 graus em relação ao
eixo óptico do sistema, refletindo os raios
luminosos para a lateral do tubo. Nesta
posição encontramos a lente ocular com o
dispositivo de focalização.
Refrator versus Refletor qual o Amador deverá usar ?
Esta questão tem sido muito bem debatida, porém
ainda vejo astrônomos amadores ou mesmo
profissionais não saberem das diferenças e
qualidades de cada um.
O refrator pode ser muito popular para alguns e não
para outros e assim pode acontecer com os
refletores. O tamanho do objeto, a luminosidade
alcançada, a magnitude limite e o poder de separação
dependem basicamente somente do diâmetro
da Objetiva (lente ou espelho), então
refratores e refletores são equivalentes
neste ponto de vista. Veja um quadro de
relações fundamentais para saber sobre a
luminosidade alcançada, a magnitude
limite, o poder de separação.
Os dois são muito parecidos em relação a perda
de luz (cerca de 15 %), assumindo um típico
instrumento de
20cm em cada caso, e
considerando o comprimento de onda mais sensível
pelo olho, a luz perdida pela reflexão dos dois
espelhos aluminizados (primário e secundário) é
aproximadamente igual à luz perdida ao
atravessar os dois elementos da objetiva
do refrator.
Mas então, aonde reside a diferença dos dois instrumentos....
Refrator
As vantagens do Refrator são as seguintes:
Estabilidade da imagem:
Em geral a imagem do refrator é mais estável,
pois o seu tubo é fechado, não tendo diferença
de ar dentro do tubo.
Estabilidade na distância focal:
Devido ao fato de estar em um tubo
fechado, não há muitas mudanças da
qualidade da imagem no decorrer da observação e
portanto a distância focal tende a ficar fixa.
Isto é bom para medidas micrométricas e fotográficas
durante a noite toda.
Redução dos efeitos de deformação:
A flexão e expansão da objetiva é muito
menor devido às diferenças de temperaturas
durante a noite do que nos espelhos,
portanto a qualidade da imagem tende a ser melhor.
Manutenção mínima: As
objetivas são permanentes, desde que bem
usadas. No caso dos espelhos, não, pois eles
precisam de uma manutenção permanente. A
aluminização tende a ficar desgastada com o
passar do tempo e em grandes observatórios, a
aluminização é feita anualmente. Então, num
pequeno refrator, digamos, 60mm ou 80mm, a
objetiva tende a ficar intacta e imóvel durante
anos. Ao contrário, o refletor, com o simples
carregamento inadequado já pode desalinhar todo o
sistema óptico, aliás a maioria dos
instrumentos refletores que eu vi, que
foram utilizados pra baixo e pra cima, se
desalinharam. O refrator não. No caso, eu
possuo um refrator de 60mm que está em uso
há 40 anos, e nunca desalinhou, e sua óptica
está impecável.
As desvantagens do Refrator são as seguintes:
Acromatismo imperfeito:
Assumindo uma objetiva que foi desenvolvida para a
observação visual, ou para a radiação do
comprimento de onda amarelo, onde o olho é
relativamente mais sensível, ou seja este
comprimento de onda converge em um foco específico.
A radiação dos outros comprimentos de onda,
especialmente os curtos (violeta), converge em
diferentes focos. Então, este instrumento
faz uma seleção para o amarelo (ou seja o
cromatismo). A melhor maneira de se
corrigir isso introduz outras
desvantagens, ele requer uma superfície altamente
curva e um terceiro elemento óptico na objetiva,
que são difíceis de serem confeccionados e caríssimos,
triplicando o preço do instrumental, são os
famosos tripletos apocromáticos, que são
de excelente qualidade, mas a um altíssimo
custo.
Dimensões inconvenientes:
A fim de se reduzir o cromatismo dos
refratores, precisamos fazer distâncias
focais muito longas, de 15 a 20 vezes o tamanho da
abertura óptica. Para uma objetiva de 20cm
teremos tubos de 3 a 4 metros de comprimento, o
que se torna inviável para o amador. O telescópio
se torna pesado e caro. O refrator do
Observatório de São Carlos (CDA) com 20 cm
de objetiva e 3 metros de distância
focal, é uma beleza histórica.
Dificuldade na construção:
Os vidros usados nas objetivas precisam ser de
excelente qualidade óptica, e poucos ópticos se
aventuram a fazê-los. Isto se torna muito caro
para refratores acima de 15cm.
Alto custo: Em geral
as boas objetivas saem de 4 a 10 vezes mais
caras que o equivalente espelho refletor, e este
investimento não pode ser justificado para um
principiante. Se você pretende ter um refrator de
20cm, o que para um refletor é facilmente viável,
então terá que pensar no tubo, que vai ser
longo e pesado, na montagem que começa a
ser grande e também pesada, no
acompanhamento sideral de todo este
conjunto, e no abrigo do instrumental, e você
terá que dispensar muito dinheiro.
Refletor
As vantagens do Refletor são as seguintes:
Acromatismo perfeito: O comprimento
focal é totalmente idêntico para todos os
comprimentos de onda. A refletância do
espelho é muito alta e uniforme para todo o
espectro visível.
Dimensões pequenas: O
tubo é bem menor, em um fator de dois
comparados aos refratores de igual abertura. Aqui
a montagem se torna mais estável, a instalação
mais simples, e o movimento do tubo é controlado
mais facilmente. Principalmente quando se trata
dos Cassegrains.
Baixo custo: O amador
pode ter um refletor de 10 a 20 cm a baixo
custo, ou mesmo pode se empenhar em fazer o seu próprio
espelho e instrumento. Para amadores que possuem
telescópios refletores de 30 a 60cm, o mesmo
seria totalmente inviável para os refratores do
mesmo porte.
As desvantagens do Refletor são as seguintes:
Obstrução do feixe de luz pelo espelho secundário:
Perda de luz atribuida ao espelho secundário é
em geral sem importância, contudo, a obstrução
do suporte (aranha), pode alterar a figura de
difração. Assumindo um espelho secundário de
1/4 do diâmetro do espelho primário, a
intensidade do primeiro anel de difração pode
ser reduzida em até 15 %. Além disso, os
suportes que prendem o espelho secundário
podem produzir vários feixes de luz
(linhas brilhantes radiantes) em torno de
uma estrela brilhante. A mudança no
desenho de difração não pode ser
negligenciada, especialmente na observação de
planetas. Há astrônomos que reduzem o secundário
em até 1/8 do tamanho do primário para minimizar
o efeito de difração e assim poder usá-lo na
observação de planetas. É por isso que os
refratores são mais bem sucedidos para a observação
planetária.
Campo reduzido: O
telescópio refletor clássico tem uma perfeita
imagem somente em um eixo. Para um trabalho visual
o campo do telescópio as vezes não é
suficientemente grande.
Tipos de oculares requeridas:
Para um espelho menor do que F/6, uma
ocular de curta distância focal (ocular de
8mm) terá que ser usada para se obter uma
maior ampliação. Contudo, a imagem boa está
reduzida a um eixo muito extreito do campo e para
uma melhor performace óptica (neste aumento)
teremos que ter oculares ortoscópicas, que são
muito caras. Em geral esses telescópios são
usados com pouco aumento (oculares de 30 a 40mm) e
para observar aglomerados de estrelas,
nebulosas, núcleos de cometas, para
planetas recomenda-se refratores.
Efeito de convexão (turbilhamento de ar no telescópio):
Isto é muito sério, podendo ser a maior
desvantagem em algumas áreas de observação.
A convexão dentro do tubo é muito difícil
de ser eliminada completamente. Se o
telescópio está em um abrigo, recomenda-se
a abertura deste abrigo até uma hora
antes da observação para o equilíbrio
térmico. Com o refletor é mais difícil de ver a
imagem ideal de difração da estrela do que com
um refrator de igual diâmetro. A observação de
planetas é muito mais difícil porque o momento
de visibilidade ótima e tranqüila é pouco
freqüente, e quanto maior o diâmetro do
refletor, maiores serão as imperfeições
sentidas nas imagens. Por isso, para a
observação de planetas que é acessível a
refletores de 20cm, podem ser melhores
observados do que com os de 40 ou 60 cm, nessas
condições. Contudo, o que pode ser feito é
fechar o telescópio hermeticamente, para reduzir
este efeito. Há uma série de telescópios no
mercado, de 20 a 40cm, que estão sendo
confeccionados em tubos fechados com uma lente
paralela na boca, são os Schmidt-Cassegrain
(Figura 3b). Além disso os seus espelhos terão uma maior durabilidade.
Efeito de distorção dos espelhos:
Distorções térmicas e mecânicas podem
introduzir a aberração esférica. Mas, isto
é mais sensível para telescópios de maior
porte. Telescópios de até 25cm isto é quase
desprezível.
Aluminização: Se o
espelho for prateado e usado sem nenhuma
proteção, ele terá que ser reprateado a cada
seis meses. Porém, o mais comum e mais barato é
a aluminização do espelho, que elimina este
inconveniente. Uma aluminização bem feita pode
durar até 5 anos, mantendo a alta refletividade
em todo este período. No maior observatório do
País, o LNA, é feita a aluminização a cada
ano em todos os três telescópios (1,60m e
dois de 0.60m).
Efeito da Umidade: No
decorrer da noite o telescópio fica sucetível
ao sereno e ao orvalho da noite. Em geral, os
refletores tendem a ficar com os tubos e espelhos
molhados, e isto não pode acontecer de jeito
nenhum, pois se você deixar o espelho úmido,
molhado, este produzirá manchas e prejudicará
sua qualidade, e dificilmente você conseguirá
remover estas manchas, podendo até
estragar a aluminização. No caso dos
refratores, estes também ficam úmidos,
porém a sua limpeza é muito mais fácil, e
com cuidado, você não terá maiores
problemas. Às vezes, os amadores usam uma cinta
ao redor dos tubos dos refletores, esta cinta tem
uma resistência que aquece a boca do instrumental
a fim de minimizar o orvalho no tubo e no espelho.
Conclusão Prática: O Telescópio Padrão
Para um estudo geral do céu, como simples
curiosidade, o observador não precisará mais do
que um
refrator de 60mm ou um
refletor de 100mm,
ambos com o mesmo custo aproximadamente.
Tais instrumentos não apresentam o mínimo
problema para serem usados, desde que sua
óptica seja de boa qualidade. Porém, um
refrator um pouco maior digamos, de 100mm, é sem
dúvida um belo instrumento, e para a observação
planetária e lunar será uma maravilha, contudo
um novo refletor de 150mm pode equivaler,
guardando as devidas comparações, para um estudo
sem muitas pretensões, ao refrator de 100mm, só
que a um custo muito menor.
Para certos trabalhos, no entanto, um maior
instrumental será necessário, por exemplo, para
observação de interessantes detalhes planetários,
estudo de fracas estrelas variáveis, resolver
estrelas duplas cerradas e desfrutar boas imagens
de nebulosas.
Adquirir um belíssimo grande refrator de 20 cm de
diâmetro, será muito difícil, para o
principiante, e mesmo para o amador experiente.
Possivelmente para se medir a separação de
estrelas duplas, um grande refrator, é preferido,
não porque sua distância focal é mais estável,
mas porque a imagem de difração é facilmente
vista. Para outros usos poderemos muito bem
utilizar um refletor, que é mais fácil de
montar é muito mais barato.
Um amador com um refletor de 15cm poderá empregá-lo
a diversas áreas da astronomia amadora, onde pode
ser montado em uma montagem azimutal bem simples e
barata, pesando cerca de uns 10 kg. Já
montagens equatoriais são mais pesadas e
difíceis de serem construídas. As
montagens equatoriais só se justificam se
você for acompanhar o objeto por vários
minutos, no caso de uma fotografia, porque para
observações rápidas, as montagens azimutais
servem muito bem e são drasticamente mais
baratas. Obviamente estou falando do começo,
depois que você pegar o gosto pela Astronomia e
quiser ir mais além, uma montagem motorizada e
com ajustes finos começa a ser fundamental.
Enfim, vale a boa e velha regra do custo-benefício, escolha um telescópio que o valor caiba no seu bolso e que te traga boas imagens! Não vá pelo mais barato, geralmente tem uma péssima qualidade ótica.
Se não tiver dentro do seu orçamento um bom telescópio, aconselhamos um bom binóculos, geralmente são mais baratos que telescópios sofisticados, além de possuir um amplo campo de visão, possui imagens reais do céu, diferente do refrator que oferece uma imagem invertida.
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